Em um mundo cada vez mais barulhento, onde o algoritmo grita e o tempo escorre entre notificações, alguns artistas escolhem o silêncio dos gestos lentos. O traço firme no papel. O compasso marcado no tambor. A voz que ecoa do palco. O nome Silvio Ribeiro, atravessa linguagens como quem troca de roupa sem nunca perder o estilo.
Nesta edição de Vamos tomar um café, puxamos a cadeira para conversar com um desses alquimistas da criação. Desenhista, escritor, educador, pesquisador, Silvio Ribeiro é tudo isso e mais um pouco. Seu trabalho é um convite à pausa: seja para observar um desenho carregado de humanidade, seja para refletir sobre a ancestralidade viva nos ritmos do Brasil profundo.
Enquanto a água ferve e o café coado perfuma a sala, a gente aproveita para descobrir o que move esse artista múltiplo. Entre rabiscos, tambores e ideias, o papo é sobre arte, educação, identidade e, claro, a difícil arte de continuar criando quando o mundo parece querer te empurrar para o cinismo.
Senta aí. O café tá servido.
Silvio, todo artista tem um primeiro rabisco que não esquece. Qual foi o seu? E quando você percebeu que o desenho não seria só passatempo, mas vocação?
É muito difícil, na verdade, impossível lembrar do meu primeiro rabisco, mas minha vocação ou pré-disposição para o desenho surgiu quando ainda era criança. No Jardim de Infância fui o aluno que mais trabalhos fez durante o ano. Mais do que algum talento especial, acho que o mais importante na minha evolução tenha sido a busca constante pelo aprendizado. No início não tinha grandes pretensões com a arte, via apenas como diversão e algo que gostava muito. Não pensava em tornar isto uma profissão, fiz um colégio técnico e depois, já na faculdade, cursei Engenharia Elétrica. Exerci esta profissão por alguns anos, mas por força do destino, acabei trabalhando como Editor de Arte. No começo não sabia nada da profissão e só consegui o emprego graças aos meus desenhos.
Você cresceu no Sul do Brasil, terra de contrastes e invernos severos. Como esse ambiente moldou sua sensibilidade artística?
Por coincidência, esta semana estava conversando com um aluno sobre isto. O clima aqui do Sul não ajuda muito o artista. Tem-se a ideia de que vivemos em um país tropical, então as casas aqui acompanham o resto do Brasil e não estamos preparados para as mudanças absurdas de temperatura. Mesmo em Porto Alegre, onde moro, temos algumas vezes temperaturas abaixo de zero no inverno e no verão, a temperatura chega a 40 graus. Alguns nordestinos que vêm fazer turismo aqui ficam surpresos com o calor. Acontece que no inverno as mãos congelam e é ruim para desenhar. Por outro lado, no verão, a mão está suando e acaba passando para o papel, sem contar ainda que a disposição para fazer qualquer coisa diminui com o excesso de calor. Talvez o que tenha influenciado a minha arte seja o fato de que na infância, devido ao clima, eu era obrigado a ficar mais tempo dentro de casa e aí, sem ter o que fazer, ia rabiscar para passar o tempo. Como eu sempre fui muito exigente com meu trabalho, eu fazia desenhos um atrás do outro, pois nunca estava satisfeito. Isto me ajudou a evoluir.
Quais foram os quadrinistas ou artistas visuais que te influenciaram no início da jornada? Algum que você ainda carrega como farol?
No início me interessei por Quadrinhos de super-heróis e meus artistas favoritos eram John Romita, John Buscema, Jack Kirby e quase todos os artistas da Marvel daquela época. Depois, devido a alguns acontecimentos na minha vida, parei de desenhar por algum tempo e quando voltei tive contato com os trabalhos de pessoas não ligadas a Marvel e a super-heróis, tais como: Harold Foster, Frank Frazetta, Al Williamson, Alex Raymond, Wally Wood, Bernie Wrightson, José Pepe Gonzalez, Maroto e outros. Porém, sempre digo aos meus alunos: “Tenha seus ídolos. Aprenda com eles, mas nunca tente imitá-los, pois aí você será apenas uma cópia malfeita”. Gosto de muitos artistas, aprendi um pouco com cada um deles. Procurei estudar a fundo suas técnicas, mas sempre com o objetivo de enriquecer o meu próprio trabalho. Todos estes artistas que citei, também tinham seus ídolos e com eles aprenderam. Seguidamente alguém me compara com algum artista estrangeiro. É engraçado que o mesmo desenho para alguns teve uma influência e para outros lembra outro artista. Não sei se é esta mania do brasileiro de achar que um artista só pode ser bom se for parecido com um estrangeiro (Silvio é o Fulano de Tal brasileiro…. Ouço muito isto), ou se é devido as minhas diversas influências. Não há um artista específico que eu tenha como norte.
Você é um dos precursores da arte digital no Brasil. Como foi fazer essa transição do papel para a tela? E o que se perde ou se ganha nesse salto?
Eu trabalho com os materiais clássicos como papéis, lápis, penas, pinceis e tintas. Além disto, talvez devido a minha formação em Engenharia, também tenho facilidade para usar os meios digitais. Comecei a trabalhar com editores de imagens em 1995, quando o Photoshop ainda estava engatinhando. Não tive dificuldade nenhuma para fazer arte digital, pois além do meu conhecimento da área técnica, tudo o que aprendi no desenho me ajudou muito. Inclusive, em 2009 fiz 20 ilustrações digitais e publiquei um livro ensinando o método que eu usava. O livro teve uma ótima aceitação e muitos professores universitários recomendavam meu livro a seus alunos. Prestei até assessoria para a criação de um curso universitário de Design. Também usei a arte digital comercialmente. Fiz muitas ilustrações e cartazes para grandes empresas de petróleo, brasileiras e multinacionais.
Seu “Curso Completo de Desenho Artístico” virou quase uma bíblia para iniciantes. O que te motivou a criar esse projeto tão didático?
Em 2005, já trabalhando há mais de 10 anos com publicações, publiquei uma coletânea com minhas ilustrações. Não teve a aceitação que eu esperava, pois todos me reclamavam que não era um livro didático. Então, em 2009 publiquei o livro com artes digitais, que era uma obra didática. Como disse, foi um sucesso e logo recebi vários pedidos e sugestões para mais livros, cada um queria que eu ensinasse um tema relacionado a arte. Resolvi, então, fazer um livro completo e neste mesmo ano comecei a trabalhar nele. No início imaginei que bastaria fazer alguns desenhos e pegar outros prontos e montar um livro. Acabei trabalhando durante 5 anos e quando o livro ficou pronto, era e ainda é, o mais completo feito no mundo e serve tanto para principiantes, como para profissionais. Eu mesmo, muitas vezes, consulto meu próprio livro. Publiquei a primeira edição em 2014 e a segunda em 2021. As duas estão esgotadas e continuo recebendo pedidos. Provavelmente não imprimirei uma terceira edição, a não ser que alguma editora se interesse pelo projeto.
Como você equilibra técnica e emoção em seu trabalho? Existe espaço para o improviso, ou o traço é sempre disciplinado?
Técnica eu tenho muita e é difícil alguém me perguntar algo de desenho ou pintura que eu não saiba responder, então, o resto, tudo o que eu faço é emoção, é diversão. Ao longo dos anos tive muitos trabalhos “roubados”. Seguidamente alguém publicava um livro, ou um cartaz, ou uma cópia de trabalho meu. Em vez de processar todo mundo eu chegava a conclusão, que poderia fazer outros trabalhos, quantos eu quisesse. Tenho isto comigo, desenho o que quero a hora que quero e tendo esta facilidade a gente começa a buscar coisas diferentes. Se você olhar uma História em Quadrinhos minha de um ano atrás, verá que a atual já é diferente. Faço o traço que eu quiser e estou sempre experimentando. Mesmo com 63 anos e mais de 30 anos como profissional das artes, o que me motiva é a busca constante por coisas novas.
Na sua opinião, o que o quadrinho pode dizer que nenhuma outra arte consegue?
Há algumas décadas, em alguns lugares, as Histórias em Quadrinhos eram malvistas. Com o passar do tempo, entretanto, ela foi reconhecida como uma ótima ferramenta de comunicação para chegar aos mais jovens. Eu, como artista, considero os Quadrinhos como sendo a arte mais completa. Além de ser necessário o conhecimento de várias técnicas e materiais, ainda o artista tem que ser capaz de desenhar tudo, desde animais, paisagens, arquitetura até a figura humana. Acho que a questão não é o Quadrinho ter o poder de dizer algo diferente, mas sua importância está justamente em poder cativar quem recebe a informação. Como disse, principalmente a juventude.
Você já pensou em escrever suas próprias histórias ou sempre preferiu dar vida às palavras de outros roteiristas?
Quando fiz minha primeira História em Quadrinhos, que já tinha um certo nível e poderia ser publicada, eu tinha perto de 20 anos. Naquela época o mundo era completamente diferente, a tecnologia que se tinha era uma TV, um rádio e um toca discos. Uma ou outra casa tinha telefone. Não havia esta facilidade para tudo que tem hoje com a internet, celulares e computadores. Para esta História em Quadrinhos procurei entre minhas relações, alguém que soubesse escrever e não encontrei. Também procurei pessoas que pudessem me ajudar com as letras e a arte-final. Como não consegui ninguém, resolvi fazer tudo sozinho e com o tempo me acostumei a trabalhar assim. Faço todo o trabalho, desde o roteiro até as letras nos balões. Tenho dificuldade em fazer parcerias, pois meu nível de exigência é muito grande. Apenas uma vez fiz uma História em Quadrinhos com roteiro de outras pessoas. Atualmente tenho muita facilidade para escrever e, além dos meus próprios trabalhos, algumas vezes forneço roteiros para outros artistas. Chegou um momento em que tinha tantas histórias escritas, que resolvi publicar um livro com 25 contos. “Faltou a Banana”, tem histórias com diversos temas, como fantasia, ficção científica e terror. Agora estou trabalhando em um segundo livro, “O Estripador da Serra”, que também terá 25 contos, mas maiores, e como o anterior, também terá algumas ilustrações.
O que falta para o quadrinho brasileiro conquistar o merecido prestígio nas grandes prateleiras culturais do país?
Acho que está é a pergunta que mais tenho respondido. Moramos em um país que é o paraíso das multinacionais. Somos bombardeados pela grande mídia (A maior ferramenta de dominação estrangeira que temos dentro do Brasil) todos os dias com uma programação que serve para nos doutrinar a nos acharmos inferiores a outros povos. Quando procuramos na internet acabamos percebendo que a miséria que tem aqui também tem lá. Usamos produtos estrangeiros desde quando acordamos e escovamos os dentes até o momento que vamos deitar para dormir. Tudo o que é feito para criar este complexo de vira-lata não é à toa. Se o brasileiro mudar e quiser conquistar seu espaço no mundo acabará sendo um concorrente para os ricos e isto eles e a grande mídia não podem permitir. O que isto tem a ver com Quadrinhos! Tudo, pois também nos Quadrinhos somos doutrinados a nos achar inferiores. Tudo o que vem dos EUA vende, mesmo que a maioria não valha nem o papel que foi impresso. Basta ser Marcel ou DC. Por outro lado, aqui no Brasil você pode matar um leão por dia que não é valorizado. Lá como aqui, tem os bons e os ruins, mas na cabeça do brasileiro tudo o que é feito lá fora presta e tudo que é feito aqui não tem qualidade. Esta tem sido minha maior luta. Não tem como mudar a situação dos Quadrinhos Nacionais enquanto o nosso povo continuar a se deixar dominar e aceitar que “é inferior”. Se ninguém comprasse Quadrinho estrangeiro as editoras se obrigariam a publicar os artistas nacionais. Mas quem vai desistir da Marvel e DC com toda a publicidade de bilhões, sem contar ainda os vira-latas que passam o dia compartilhando e divulgando estas empresas gratuitamente, sem ganhar nada por isto?
Você é mentor de muitos artistas. Como enxerga essa nova geração que chega com tablets na mão e referências do mundo inteiro?
Esta é uma pergunta difícil e provavelmente vou perder muitos fãs depois de lerem isto rsrsrs… quando um aluno inicia os estudos comigo sempre digo a ele que é mais importante desenvolver seu senso crítico do que tudo o que eu possa ensinar de desenho. Eu nasci em 1961, o mundo era diferente e para conseguir qualquer conhecimento precisava cavar fundo. Talvez por isto a gente valorizava mais o que aprendia e queria saber cada vez mais. Atualmente as crianças nascem dedilhando um celular. Todo mundo quer fazer Quadrinhos, mas raros são os que querem aprender. Já tem até pessoas assinando trabalhos feitos por IA. Aos meus alunos eu ensino a arte clássica, com materiais clássicos. Depende de cada um decidir onde quer chegar e o que lhe faz feliz. Se uma pessoa não quer aprender, mas o que faz lhe deixa feliz, o que posso dizer? Vejo muitos “mestres” na internet, gente que não aprendeu e agora está “ensinando”. Alunos chegam até mim vindo destes “professores” e quando descobrem o quanto foram enganados e perderam tempo e dinheiro, ficam decepcionados. Se a mediocridade torna alguns felizes, o mínimo que podem fazer é guardar esta mediocridade para si. Use celular, tablets, mesas digitalizadoras e a tecnologia que quiser, mas não deixe de aprender os fundamentos da arte.
Existe uma lição que você sempre transmite para seus alunos, um mantra do artista persistente?
Algumas vezes aparecem alunos que me dizem: “Eu SÓ quero aprender a …”. Quando isto acontece eu corto o assunto e explico a pessoa o que eu ensino. Este “SÓ” já mostra a pouca ambição que este aspirante a artista tem. Tudo o que eu falo, explico e faço para o aluno se desenvolver nunca é pensando em pouco. Se não quer aprender, não me procura. Algumas pessoas acreditam que para aprender a desenhar não precisa talento ou vocação, que basta praticar. Na verdade, para qualquer profissão é preciso ter uma predisposição. Não basta treinar a vida inteira com uma bola e pensar que você será um craque de futebol. Para aprender arte é preciso ter algum talento, se tiver mais, melhor. Se tiver menos, terá que se dedicar mais ainda. Uma das coisas que tenho percebido é que as pessoas idolatram estrangeiros ao ponto de acreditar que não podem um dia fazer igual a eles ou superá-los. Quem quer evoluir tem que ser seguro de si e de suas capacidades, não deve se achar inferior a ninguém, mas tem que ter humildade e senso crítico para saber que tem que evoluir. É preciso estudar muito e praticar, mas não adianta produzir um milhão de trabalhos e fazer sempre a mesma coisa. É necessário querer sempre mais, estudar e reconhecer suas dificuldades e se esforçar para ultrapassá-las. Por pior que alguém desenhe, sempre terá amigos ou parentes para chamá-lo de mestre. Deve-se ter a noção do que não se sabe, pois se a pessoa aceita o título de mestre, então para que ela precisa aprender mais? Conheço muitas pessoas que ficam adultos e velhos desenhando como crianças de 10 anos, mas todos se chamam de mestres e estão felizes assim. A ambição deles é pouca, preferem ter ídolos do que serem os ídolos, mas se isto faz deles pessoas felizes, então está bem. Eu nunca seria feliz assim e por isto estudei tanto e me esforcei tanto. O que me faz feliz é poder desenhar ou pintar o que eu quiser.
Entre todas as suas obras, tem alguma que você considera a mais pessoal, aquela que carrega sua alma no traço?
Certamente meu livro “Curso Completo de Desenho Artístico”. Costumo dizer que este é o livro que queria ter encontrado na adolescência, quando comecei a investir mais fundo no aprendizado. Este livro tem alguma coisa igual a outros livros de desenho, mas também tem muita coisa nova, principalmente as três filosofias minhas que coloquei nele. A primeira é “do simples ao complexo”. Ensino os detalhes separados e quando juntamos tudo, temos uma imagem maior. A segunda é “entender o que se está desenhando”. Muitos artistas simplesmente copiam uns aos outros sem procurar descobrir como funciona o objeto da sua ilustração. Encontro erros gigantescos em “grandes” artistas do quadrinho estrangeiro, pois simplesmente alguns deles não entendem como funciona o corpo humano, por exemplo. Desenham a figura humana como um manequim duro, onde as partes do corpo não se acomodam aos objetos que tocam. A terceira filosofia é “encarar o desenho como uma coisa única”. Não existe esta história de “como desenhar isto ou aquilo. Qualquer desenho, seja uma fruta ou o corpo humano, são sempre 3 passos: esboço, delineamento e acabamento. O acabamento pode ser a lápis, nanquim ou alguma tinta ou material de colorir. Quando não conhecemos as formas e os detalhes do que temos que desenhar, buscamos referências. Nenhum artista tem que ter tudo na cabeça, isto não existe.
Que projetos ainda te provocam frio na barriga? Existe alguma história que você ainda sonha ilustrar?
Em editoras trabalhei 24 anos, e com prazos absurdos. Só quem é do meio para entender. Tudo é feito com data marcada e não pode ser adiado. Ou faz ou pede as contas. Então nenhum projeto mais me dá frio na barriga (rsrsr…). Na época que trabalhava em editoras também fazia trabalhos freelance de ilustração. Fiz tanta coisa, tantas publicações, algumas em três línguas para mais de 100 países. Tenho várias publicações minhas que ainda quero fazer. Há muitas décadas já poderia desenhar para os Estados Unidos e Europa, mas estes sonhos terminaram na juventude. Prefiro fazer meus trabalhos autorais. Me tornei muito individualista e quando isto acontece fica difícil aceitar hierarquias, gente dando palpite no que não sabe. Vejo algumas figuras fazendo rabiscos toscos para a Marvel e se achando deuses na terra. Não poderia conviver com gente assim. Não tenho nenhum interesse em desenhar personagens que não sejam os meus e tenho vários.
Se pudesse conversar com o Silvio adolescente, caneta na mão e cabeça
nas nuvens, o que você diria a ele?
Eu diria para ele parar com isto enquanto é tempo e se dedicar a engenharia, que dá mais dinheiro (rsrsr…). Entretanto, o Silvio adolescente não aceitaria este conselho, mesmo que quisesse, pois para ele desenhar é um vício que não tem cura. Mas falando seriamente, é possível ganhar bem desenhando, mas é preciso ter uma arte desenvolvida e valorizar seu trabalho. Vejo alguns colegas vendendo sua arte por valores que até dá vergonha. Eu trabalhei quase que na totalidade para grandes empresas nacionais e multinacionais e nunca tive que negociar preço. Aceitavam meu orçamento até quando meu preço era maior do que o dos concorrentes. Eu me preparei para isto, não apenas desenvolvendo minha arte, mas sempre agindo de forma profissional. Quando pegava um trabalho o cliente tinha certeza da qualidade e que receberia na data marcada. Se eu não tivesse condições de fazer um trabalho no prazo esperado eu falava honestamente com o cliente e não pegava, não importa o valor que eu perderia, pois o que eu não podia era perder a confiança do empregador. Houve um momento em que eu tinha tanto trabalho, que acabei desistindo dos freelances e fiquei só com a editora. Acho que perdi muito tempo com a Engenharia e isto seria uma coisa boa para dizer ao Silvio adolescente.
E por fim: o que o traço ainda não disse, mas você sente que um dia vai desenhar?
Já fiz tanta coisa diferente que não há algo que eu ainda queira desenhar por não ter feito. Tenho sim, meus projetos, que inclui meu segundo livro de contos, a continuação das Histórias em Quadrinhos com meus personagens, a publicação de um álbum com minhas artes a lápis, nanquim e pinturas a óleo e também uma nova edição do meu livro de desenho. Atualmente sou artista independente, faço minhas próprias publicações e tenho que contar com o apoio dos entusiastas da arte nacional. Me considero aposentado e faço tudo por diversão, mas mesmo assim, quando aparece alguém precisando da minha arte, se pagar o meu preço, eu pego o serviço. Também tenho ministrado aulas particulares de desenho, pintura e Quadrinhos e as vezes dou algum workshop de algum tema relacionado a arte ou publicações. Agora é o momento dos mais jovens lutarem pelo Quadrinho Nacional, mas primeiro é preciso mudar a mentalidade de povo colonizado.
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Nota da redação: Esta entrevista foi realizada por e-mail. Todas as respostas foram publicadas na íntegra, preservando o conteúdo original enviado pelo entrevistado.